POETA ALLAN SALES
Uma parte da minha obra em literatura de cordel vem de uma inspiração de temas sociais, outra parte eu dedico à educação com temas da nossa história e temas de educação ambiental, finalizo esse meu espaço temático com peças de humor. Uma das que mais me pedem para declamar é um texto que escrevi em 2003, chamado Americanalhando, que versa sobre a cultura de massas “made in USA”,que vem sendo empurrada pra cima de nós desde os tempos do fim da segunda guerra mundial, quando Tio Sam resolveu consolidar sua influência nos países da América Latina.
“A cultura nasceu na Grécia e morreu nos Estados Unidos....”
(GLAUBER ROCHA)
A cultura americana
Há muito tempo invadiu
Com um monte de leseiras
Pelo mundo e no Brasil
Já tô ficando arretado
Com tanto lixo enlatado
Porra! Puta que pariu!
E tem um tal de Piu Piu
Frajola um gato safado
Que vive a fim de comer
Um passarinho viado
“Acho que vi um gatinho”
Assim fala o passarinho
Amarelo e afrescalhado
Tem o Hulk esverdeado
Que custou muitos milhões
Ele grita feito louco
Berrando a plenos pulmões
Grita tanto quase engasga
Pois a calça nunca rasga
Fica apertando os culhões
E tem heróis bem machões
Menos o homem morcego
Amigado com um boyzinho
Com Robin tem aconchego
Mas só tem herói branquelo
Não tem herói amarelo
Sem falar que não tem nêgo
Tio Sam não dá sossego
Na cultural invasão
Na canção e no cinema
Polui a televisão
Homem Aranha, rock e clip
Free Willy, Zorro e Flip
E Van Dame o maricão
Stalone é um bundão
“Xuazineguer” outra bosta
No mundo tem tanto besta
Que aprecia e que gosta
É bala e tanta porrada
E o conteúdo é de nada
É nisso que se aposta
Alienar é a proposta
Empurrar ideologia
Fazer de bom o mocinho
Que é bandido da CIA
Que está ao lado do “bem”
A imagem que convém
Mostrada com simpatia
O Batman é uma “tia”
Super Man um tabacudo
Jerry Lewis um retardado
E Popeye é um chifrudo
Leva gaia da magrela
Vive brigando por ela
Com brutamontes barbudo
E como atrapalha o estudo
Ocupando a meninada
Viciada em TV
Vai ficando alienada
Consumindo porcaria
E no lixo se vicia
Vai ficando abestalhada
E por falar na negada
Michael Jackson o mané
Ficou branco feito talco
E com cara de “mulé”
É chegado à sodomia
Praticou pedofilia
Só não crê quem não quiser
Até quando se puder
Empurram o lixo insano
Mas existe quem combate
Como meu mestre Ariano
Da cultura brasileira
Vai levantando a bandeira
Contra o lixo americano
E piora a cada ano
A invasão cultural
No cinema até na dança
Na expressão musical
Abastardam o português
Com tanta coisa em inglês
Na prosódia nacional
E o babaca acha legal
“Milk Shake” de cultura
No mundo globalizado
É só essa a impostura
Tudo americanalhado
O resto todo esmagado
Dá nojo esta ditadura
Meu coração não atura
Resiste qual Dom Quixote
À imposição do gigante
Em nós querendo dar bote
Sou mais Monteiro Lobato
Mais que Disney um literato
Que nos legou grande dote
E aqui termino sem mote
Este versinho febril
Falando das fuleiragens
De americano imbecil
Viva minha gente brejeira
E a Cultura Brasileira
Postagem: Robério Vasconcelos
Fonte: Allan Sales
20 de abril de 2011 às 18:54
Homem! que GRITO em poesia e de muita qualidade! Já ouvi no youtube e pasmei!
bjs,
rosáro