OS IMORTAIS DA POESIA



O CLUBE DO REPENTE vai todo mês homenagear um poeta, contando suas histórias e seus brilhantes versos, esse quadro vai se chamar: "OS IMORTAIS DA POESIA". Esse mês o homenageado é o grande poeta ,Rogaciano Bezerra Leite, ou simplesmente Rogaciano Leite, filho de Manoel Francisco Bezerra e Maria Rita de Cerqueira Leite, nasceu no dia 01 de julho de 1920, na fazenda “Cacimba Nova”, naquele tempo pertencia ao povoado de Imburanas, município de São José do Egito-PE, hoje, Itapetim-PE. O extraordinário poeta, logo cedo começou a cantar e o fez durante dez anos, tendo travado memoráveis embates com Pinto do Monteiro, Antonio Mariano, os irmãos Batista e outros tantos cantadores de sua época.

Poeta-repentista de primeira grandeza, escritor, jornalista (Gazeta do Ceará), compositor e boêmio, são alguns traços que compuseram a personalidade de Rogaciano, funcionário do Banco do Nordeste S.A., migrou para o Rio de Janeiro e São Paulo entre os anos de 1950 e 1955. Repórter de: A Última Hora e Revista da Semana. Diplomado em literatura clássica (1949), na faculdade de filosofia do Ceará. Neste período realizou os Congressos de Cantadores de Fortaleza-CE (Teatro José de Alencar), e no Recife-PE (Teatro Santa Isabel), acontecimento inédito para a cultura nordestina.

Viajando para a Europa, como componente de uma caravana sob a tutela de Assis Chateaubriand, embaixador do Brasil em Londres, cujo destino era uma paixão por uma francesinha, por isso, o Pajeú, o Ceará e o Brasil, ganharam mais poesias. Rogaciano escreveu cem sonetos dedicados a essa mulher (100 sonetos para Ane). Diz-se que com o fim do romance, o poeta ficara desestruturado, a ponto de o caso ter sido também, a razão de seu fim.

Rogaciano Leite ganhador do prêmio Esso de jornalismo em 1965 e 1966 com as reportagens, “Na Fronteira do Fim do Mundo” e “Boa Esperança é Sonho Transformado em Realidade”. Navegava entre o “popular e o erudito”. Orador de “mão cheia”. Todavia, quando visitava a sua terra, dava de garra de uma viola, e cantava do mesmo jeito. Deixou um livro publicado em letras maiores: “Carnes e Almas”.

Rogaciano faleceu no dia 07 de outubro de 1969, no Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, vítima de enfarte. Foi enterrado no cemitério São João Batista, em Fortaleza-CE, terra escolhida por ele próprio, como a de seu coração. Os Diários Associados foram responsáveis pelo translado do corpo. O poeta foi enterrado ao som da valsa “Cabelos Cor de Prata”, na voz do seresteiro Osvaldo Santiago.

O astro de quem falo, faleceu aos 49 anos de idade. Durante uma cantoria em Umburanas, com Lourival Batista, este que terminou uma estrofe dizendo:

Acho lamentável um filho

Falar da terra Natal


Rogaciano:


Tu tens razão, Lourival

Tua voz não se consome

Sei que Deus condena o filho

Que da mãe manchar o nome

Mas também condena a mãe

Que mata o filho de fome.


Pajeú das Flores:


Senhores críticos, basta!

Deixa-me passar sem pejo,

Que o trovador sertanejo

Vai seu “pinho” dedilhar...

Eu sou da terra onde as almas

São todas de cantadores:

Sou do Pajeú das Flores

Tenho razão em cantar.

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